Teoria dos Atos de Fala

A teoria dos atos de fala, desenvolvida por John L. Austin e posteriormente ampliada por John R. Searle, parte da premissa de que "falar é sempre agir". Ou seja, ao proferirmos enunciados, realizamos ações no mundo. Como afirma Searle (1969, p. 16): “Ao proferir enunciados, os falantes realizam ações no mundo.”

Teoria dos Atos de Fala

Austin e a origem da teoria

John L. Austin, em sua obra How to Do Things with Words (1962), destacou que nem todo enunciado tem como finalidade apenas descrever a realidade. Ele demonstrou que, muitas vezes, nossas palavras têm uma função performativa, isto é, produzem efeitos concretos no mundo. Para Austin, dizer é também fazer.

Searle e a classificação dos atos de fala

John R. Searle sistematizou a teoria de Austin, propondo uma classificação que se tornou fundamental para os estudos da linguagem. Segundo ele, os atos de fala podem ser divididos em cinco grandes categorias (Searle, 1979):

  • Assertivos: comprometem o falante com a verdade da proposição (ex.: “A Terra gira em torno do Sol.”).

  • Diretivos: tentam fazer com que o ouvinte realize uma ação (ex.: “Feche a janela, por favor.”).

  • Compromissivos: obrigam o falante a uma ação futura (ex.: “Prometo entregar o trabalho amanhã.”).

  • Expressivos: manifestam estados psicológicos ou emocionais (ex.: “Estou muito feliz com a notícia!”).

  • Declarativos: produzem uma mudança no estado de coisas, apenas pelo ato de enunciar (ex.: “Declaro aberta a sessão.”).

Implicações no ensino, na análise textual e nas relações sociais

A teoria dos atos de fala tem implicações profundas no ensino de língua, pois possibilita compreender que a comunicação não se limita à gramática e ao léxico, mas envolve ações e intenções. Na análise textual, esse entendimento permite identificar os efeitos de sentido e as estratégias argumentativas presentes nos discursos.

Além disso, nas relações sociais, os atos de fala revelam-se essenciais para compreender como a linguagem estrutura interações, negociações e até mesmo relações de poder. Afinal, como destaca Austin (1962, p. 94): “Dizer algo é realizar um ato.”

Conclusão

A teoria dos atos de fala mostra que a linguagem é uma forma de ação. Por meio dela, podemos afirmar, ordenar, prometer, agradecer, declarar e muito mais. Portanto, compreender os diferentes tipos de atos de fala é essencial para aprofundar a análise da linguagem e suas implicações práticas.

Referências

AUSTIN, John Langshaw. How to Do Things with Words. Oxford: Oxford University Press, 1962.

SEARLE, John R. Speech Acts: An Essay in the Philosophy of Language. Cambridge: Cambridge University Press, 1969.

SEARLE, John R. Expression and Meaning: Studies in the Theory of Speech Acts. Cambridge: Cambridge University Press, 1979.