Polissemia e Homonímia
A língua portuguesa é repleta de palavras que podem apresentar múltiplos sentidos ou formas iguais com significados diferentes. Esses fenômenos são conhecidos como polissemia e homonímia e fazem parte dos estudos da semântica, área da linguística que investiga os sentidos das palavras e suas variações no uso cotidiano.
O que é polissemia?
A polissemia ocorre quando uma mesma palavra possui diversos significados relacionados entre si. Isso acontece porque o uso dessa palavra foi se expandindo ao longo do tempo, adquirindo novos sentidos a partir do original.
Exemplos:
- Cabeça: parte do corpo humano (Ele machucou a cabeça), líder de um grupo (Ela é a cabeça da equipe) ou parte de um objeto (A cabeça do prego).
- Boca: órgão do corpo humano (Escove bem a boca), entrada de um túnel (A boca da caverna) ou início de um rio (A boca do rio).
A polissemia é muito comum em textos literários, manchetes, memes e propagandas, pois dá à linguagem uma maior expressividade e flexibilidade. Com ela, é possível criar sentidos figurados e jogos de palavras que enriquecem a comunicação.
O que é homonímia?
A homonímia ocorre quando duas ou mais palavras possuem a mesma forma (na escrita, na pronúncia ou em ambas), mas têm origens e significados completamente diferentes. Ou seja, são palavras iguais na aparência, mas sem relação de sentido.
Exemplos:
- Manga: fruta / parte da roupa.
- Banco: instituição financeira / assento.
- Cedo: advérbio de tempo (acordei cedo) / forma do verbo ceder (eu cedo o lugar).
As homonímias podem se apresentar de diferentes formas:
- Homonímias perfeitas: mesma escrita e pronúncia, mas significados diferentes (manga – fruta / parte da roupa).
- Homógrafas: mesma escrita, pronúncia diferente (pelo – substantivo / pêlo – antiga forma com acento, antes da reforma ortográfica).
- Homófonas: mesma pronúncia, escrita diferente (sessão, seção e cessão).
Polissemia e homonímia no humor e na interpretação
Esses fenômenos linguísticos são amplamente explorados em piadas, tirinhas, trocadilhos e provérbios. O humor surge da ambiguidade — isto é, da possibilidade de interpretar uma palavra de mais de um modo.
- “Fui ao banco, mas não sentei.” — o trocadilho explora o duplo sentido da palavra banco.
- “Quem ri por último, ri melhor.” — a repetição do verbo rir em sentidos diferentes dá força expressiva ao provérbio.
- Tirinhas costumam brincar com mal-entendidos provocados por palavras polissêmicas ou homônimas, criando situações engraçadas ou inusitadas.
Atividade sugerida: análise de tirinhas e jogos de palavras
As atividades a seguir podem ser realizadas em sala de aula para desenvolver a percepção semântica e o raciocínio linguístico dos alunos:
- Leitura e interpretação: analisar tirinhas que usem trocadilhos e identificar se o humor se baseia em polissemia ou homonímia;
- Criação de trocadilhos: propor que os alunos inventem frases ou pequenas histórias explorando palavras com duplo sentido;
- Provérbios e expressões: reinterpretar provérbios populares, discutindo o valor simbólico e os possíveis sentidos das palavras.
Por que estudar polissemia e homonímia?
Compreender esses fenômenos é essencial para aprimorar a interpretação de textos e a produção de linguagem. Saber distinguir quando uma palavra tem vários sentidos (polissemia) ou quando apenas se parece com outra (homonímia) é fundamental para evitar mal-entendidos e entender os recursos de humor, ironia e criatividade presentes na comunicação cotidiana.
Além disso, o estudo desses aspectos estimula a leitura crítica e amplia a consciência sobre a riqueza semântica da língua portuguesa, mostrando que o significado das palavras depende sempre do contexto em que são usadas.